• Imagem 1 Igreja São José Operário
    Arquiteto: Iaro Burain, formato de v, v de veredas, e a escadaria em formato de cálice.
  • Imagem 2 Projeto
    Projeto Unimed Carbono Neutro, 17 mudas de Ipê Amarelo
  • Imagem 3
    Preservar o meio ambiente é preservar a qualidade de VIDA hoje e sempre.
  • Imagem 4 Campanha contra acidentes
    Vídeo a favor da redução do índice de acidentes na BR 381
  • Imagem 5 Ciclo de vida do papel
    O papel, sucessor do papiro e do pergaminho, começou a ser utilizado no ano 105 d.C. pelos chineses... Continuar lendo.
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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Este ano não teremos eleições!

Este ano não teremos eleições!

Este ano não teremos eleições!

Três assuntos são os mais relatados nos e-mails e nos próprios comentários do portal Cuidar de Idosos:
  1. A violência contra idosos
  2. Os problemas referentes à contratação de cuidadores de idosos
  3. O preço elevado dos tratamentos para doenças crônicas dos idosos (Alzheimer, Parkinson, isquemia cerebral, etc).

Recebemos, diariamente, dezenas de comentários e e-mails, totalizando no final de um mês, milhares de comentários, idéias, denúncias e histórias de vida. É um rico material que dá, claramente, a noção da importância que os nossos idosos mais idosos vêm aparecendo na mídia e na preocupação das famílias brasileiras.

É legítimo que se proteja a criança, que se proteja o adolescente, que se protejam as grávidas. É legítimo que se tenha preocupação com a educação de nossas crianças e jovens, que se combata a violência nas cidades, principalmente com os jovens. É importante dar condições de sobrevivência e emprego para nosso povo. Tudo isso que escrevi é legítimo e é crucial para nosso país. É isso que vem em primeiro lugar na preocupação e nas plataformas eleitorais de nossos partidos e de nossos políticos.

Apesar de não ser ano de eleições, fica registrado que também temos que elevar a voz daqueles que também não podem mais fazer valer suas aspirações: os idosos mais dependentes. E é pelo exercício diuturno do direito de voz e voto, que podemos chegar a um consenso, quanto a proteção dos idosos, para que não sofram mais violência (principalmente dos familiares!), para que tenham acesso a medicamentos de forma abrangente e gratuita e que tenhamos mais profissionais cuidadores bem preparados para cuidar de nossos idosos. Para isto, a profissão de cuidador de idosos tem que ser regulamentada pelo Congresso Nacional!

Este ano não teremos eleições, mas nossos leitores, nossos cuidadores familiares, nossos idosos têm que lembrar das dificuldades de comprar medicamentos, das dificuldades de arrumar cuidadores de bom padrão, de mecanismos eficazes de nossas cidades e estados no combate à violência contra idosos. É pena que nossos partidos e políticos, nem em época de eleições, colocam estes assuntos em pauta. Lembrar, entretanto, que no Brasil temos 21 milhões de idosos, muitos em condição de votar e que poderão, facilmente, decidir eleições em favor desse ou daquele candidato.

Pela luta em favor dos idosos mais dependentes, o que estão fazendo o vereador e o prefeito que você votou em 2008? Em quem você, caro internauta, votará no ano que vem para vereador e prefeito?


 Este ano não teremos eleições!

Referência: Jaime Batista Ramos

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Convivendo com idosos em ILPI


Convivendo com idosos em ILPI

Convivendo com idosos em ILPI

Na minha atuação profissional, tive a oportunidade de aliar ao conhecimento teórico a prática vivencial do dia-a-dia na relação com os idosos. Convivi como Coordenadora do Centro de Convivência Vila Vida, unidade assistencial da Organização das Voluntárias de Goiás, que atende idosos independentes com a alegria, lazer e o potencial ainda vívido de adultos maduros, no pleno vigor de sua maturidade. Local de alegria, convivência e por que não dizer, de total aproveitamento do tempo livre, oriundo dos benefícios advindos com o tempo e com a aposentadoria.

Uma experiência rica profissional e individual na convivência com as diferentes demandas dessa maravilhosa turma de cabelos brancos. Recebi o convite para assumir o antigo Abrigo Sagrada Família, hoje denominado de Complexo Gerontológico Sagrada Família, uma unidade longa permanência para idosos dependentes e semi-dependentes que atende 60 idosos, desprovidos financeira e afetivamente. Uma experiência que julgo ser privilégio de poucas pessoas, pois ali não se tratava de um trabalho, um emprego público… ali estavam pessoas frágeis que precisavam de cuidados respeitosos, sem infantilização. Baseada no carinho, nos limites e no respeito à vida, tinha uma missão: a de gerenciar com rigor e conhecimento aliado à sensibilidade, a vida daquela instituição.

Deparei-me, inicialmente, com a ausência de profissionais qualificados, pessoas que trabalhavam com carinho, mas que por muitas vezes se deparavam com os limites da ausência do conhecimento direcionado às pessoas da terceira Idade, isso gerava desgaste na imposição de limites, de respeito àquela pessoa que envelheceu, mas que ainda tem preservado sua dignidade humana. Era preciso explicitar e implantar uma nova forma de ver a pessoa idosa: não é criança, não é um ser débil, mas uma pessoa que exige cuidado… Quantas pequenas grandes coisas nos deparam no dia a dia, funcionários que burlavam as regras estabelecidas dando cigarro para idoso com enfisema pulmonar, dizendo: “tadinho, o que tem dar um cigarrinho, a vida está tão sem sentindo…” e assim por diante. A luta era árdua: fazer compreender que amor e cuidado também requerem limites.

Numa unidade como o Complexo Gerontológico Sagrada Família são inúmeras as demandas, as dos próprios idosos, da comunidade, dos estudantes ávidos em busca de dados de pesquisa, e principalmente a busca incessante das famílias, entre muitas de classe média alta, a buscar os serviços para o real abandono familiar.

Aspectos gerenciais, recursos humanos são desafios, mas simples de serem superados. O maior desafio durante minha gestão era fazer com que as pessoas, famílias e técnicos acreditassem que as ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos) deveriam funcionar para os casos de exceção e não uma regra a ser implantada, como mero espaço depositário de pessoas idosas.

Deparei-me com a ausência de amor, com o abandono familiar, com a astúcia de alguns familiares para o uso do dinheiro do idoso, deparei-me com o desrespeito humano. Foram essas as questões que me sensibilizaram e que me absorveram durante 14 horas diárias de trabalho.

Na época, professora universitária e com uma clientela de pacientes na minha clínica de psicologia, me vi profundamente dividida e com uma responsabilidade imensa: a de transformar a realidade daquelas pessoas que viviam e trabalhavam ali. Mergulhei profundamente na tentativa de implantar um trabalho diferenciado voltado à população idosa.

Uma experiência sem dúvida que agregou inúmeros valores à minha vida pessoal e profissional. Numa instituição existem inúmeros problemas, afinal, conciliar abandonos, carências e visões diferenciadas do processo de envelhecimento é aprender a conviver com a diversidade das pessoas.

Quebrei paradigmas como administradora que sou, afinal, a teoria na prática é outra e muitos conceitos foram sendo revistos no dia-a-dia. Penso que é de fundamental importância que os profissionais, a sociedade, se capacite para o atendimento à pessoa idosa, mas que imperiosamente seja capaz de visitar o próprio coração. Costumo dizer aos alunos nos cursos de cuidadores de idosos: cuidar de idoso é um exercício constante de humanidade, é a possibilidade cotidiana de rever o próprio coração e externar ao próximo, o idoso, o nosso amor.

Referência: Jaime Batista Ramos

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Medicamentos – o que o médico deve informar



Medicamentos – o que o médico deve informar


Medicamentos - o que o médico deve informar

Medicamentos - o que o médico deve informar

1 – Dose – A quantidade de remédio varia conforme a doença e pode não ser a mesma indicada na bula. O médico deve informar qual é a indicada no caso e por quê. Exemplo: a bula recomenda 40 gotas a cada oito horas, mas o seu caso exige a metade.

2 – Interação alimentar – o médico deve instruir o paciente sobre o melhor horário para consumir o medicamento e explicar o por quê. Exemplo: perto das refeições alguns antibióticos snão agem como deveriam. Já os antiinflamatórios que afetam o sistema gastro-intestinal devem ser ingeridos com alimentos. Hormônios para tiróide devem ser utilizados em jejum.

3 – Interação com outros medicamentos – Anote todos os remédios que costuma tomar – mesmo os ocasionais – para não esquecer de informar ao médico. O uso conjunto de certas substâncias pode potencializar ou atrapalhar a ação de outro remédio.

4 – Medicamentos sedativos – Ainda que ele não pergunte, informe se trabalha com máquinas de risco ou com veículos. A prescrição de sedativos ou hipnóticos pode causar perda de concentração.

5 - Gravidez – Qualquer suspeita deve ser avisada. Alguns medicamentos – como analgésicos, anestésicos e anti-depressivos, entre outros – podem causar má formação do feto.

6 – Histórico de doenças do paciente – O médico deve estar ciente de todas as doença crônicas do paciente.

7 – Alergia – Informe se já teve reação – ou suspeita – alérgica, mesmo se causada pelo mais simples medicamento.

8 – Letra legível – Exija uma prescrição legível. Segundo o código de ética medica, uma receita escrita claramente é direito do paciente e obrigação do profissional.

9 – Entender a indicação dos medicamentos – Alguns remédios, apesar de indicados para o tratamento de certas doenças, podem auxiliar em outras (caso do ácido acetil-salicílico, cuja prescrição clássica é a analgesia mas que também passou a ser receitado para “afinar” o sangue). Peça essa informação ao médico.

10 - Idosos não devem tomar muitos medicamentos – as pessoas idosas têm, em média, 3 a 5 doenças. Assim, tomam até 6 a 8 medicamentos diferentes. O médico deverá ter cuidado especial ao prescrever um novo medicamento, pois como já foi escrito acima, há uma grande probabilidade de ocorrer interação, ou seja, mistura de medicamentos e isso causar efeitos colaterais sérios. Sempre pergunte ao médico se as misturas de vários remédios não podem estar causando algum dano ao idoso.


Referência: Jaime Batista Ramos

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O novo envelhecimento


O novo envelhecimento

O novo envelhecimento

O envelhecimento e a urbanização são tendências demográficas importantes no século 21. A população urbana, que já corresponde à metade da humanidade, dobrará até 2050, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Por outro lado, se hoje existem cerca de 600 milhões de pessoas com mais de 60 anos, em 2050 a população nessa faixa etária será de quase 2 bilhões.

A consequência disso é que a sociedade precisará repensar o lugar dos idosos nas cidades e implantar uma nova cultura do envelhecimento. Essa é uma das principais conclusões dos especialistas que participaram, no dia 29 de março, em São Paulo, da mesa-redonda “Aspectos urbanos e habitacionais em uma sociedade que envelhece”.

O evento integrou a programação do ciclo “Idosos no Brasil: Estado da Arte e Desafios”, promovido pelo Institutos de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), pelo Grupo Mais-Hospital Premier e pela Oboré Projetos Especiais de Comunicação e Artes.

Coordenada por David Braga Jr., do Grupo Modelo de Atenção Integral à Saúde (Mais), a mesa-redonda – a terceira do ciclo – teve a participação de Alexandre Kalache, da Academia de Medicina de Nova York (Estados Unidos), e de Guita Grin Debert, professora do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com Kalache, carioca que dirigiu por 13 anos o Programa Global de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), os dados da ONU mostram que a população mundial crescerá cerca de 50% (para 9 bilhões) até 2050. No mesmo período, a população acima de 60 anos terá aumentado 350%, sendo que a maior parte desse aumento ocorrerá nos países em desenvolvimento, cada vez mais urbanizados.

Essa perspectiva de futuro, segundo ele, deverá ser compreendida pela sociedade, que precisará desenvolver com urgência uma “cultura do envelhecimento” – o que inclui mudanças nas cidades e no comportamento ao longo da vida.

“É importante destacar que 2050 não é uma data distante. Os idosos de quem estamos falando são as pessoas que hoje já são adultas, que podem ter 20 ou 40 anos. Por isso, é fundamental personalizar a mensagem”, disse àAgência FAPESP.

Com os avanços da medicina e da própria sociedade urbana, a parcela da vida que um indivíduo passa na condição de idoso será cada vez maior, apontou o especialista. Com essa tendência, já ocorre uma mudança de paradigmas em relação ao que significa envelhecer. “A ideia da vovó fazendo tricô e do vovô de pijama, lendo jornal, é um estereótipo do envelhecimento que não nos serve mais”, disse.

Segundo Kalache, quando o prussiano Otto Von Bismarck implementou pela primeira vez a aposentadoria, no século 19, a expectativa de vida na Alemanha era de 45 anos e os idosos tinham muito menos acesso à saúde. Se continuassem trabalhando, teriam produtividade baixíssima e criariam muitas dificuldades no ambiente de trabalho.

“Era plausível dar um dinheirinho para que o idoso ficasse em casa pelos poucos anos que lhe restavam. É óbvio que isso não pode dar certo nas condições atuais, muito menos nas condições que teremos até 2050. É preciso que os jovens reinventem seu planejamento de vida”, afirmou.

No modelo convencional, a primeira etapa da vida era dedicada ao aprendizado, enquanto a segunda etapa era voltada para a produção e a aplicação do aprendizado no trabalho. A etapa final seria dedicada ao descanso e ao ócio.

“Não podemos mais pensar assim. A expectativa de vida é cada vez mais longa e as pessoas serão idosas por um período cada vez maior de suas vidas. Elas terão condições de produzir até uma idade bem mais avançada. Por outro lado, a pessoa não pode mais parar de adquirir conhecimento aos 25 anos de idade, pois o aprendizado fica obsoleto cada vez mais cedo”, disse.

Se a produção e o trabalho serão uma realidade cada vez mais presente na velhice, em contrapartida a aquisição de conhecimento não poderá mais ficar confinada apenas às primeiras décadas. “É do interesse da sociedade que a pessoa mantenha o aprendizado e que produza ao longo de toda a vida. As pessoas terão oportunidades – que a sociedade vai precisar oferecer – para se reciclar, estudar e se reavaliar”, afirmou.

De acordo com Kalache, a capacidade funcional dos indivíduos será preservada, cada vez mais, para além dos 65 anos. Com isso, espera-se que a aposentadoria compulsória possa ser revista. “Isso é saudável, porque o passado idealizado do idílio do pijama e do tricô é algo que talvez nunca tenha existido. Na maior parte dos casos, sob esse estereótipo se escondia um idoso sem autonomia, sofrendo abusos e deprimido”, disse.

O envelhecimento e a urbanização, segundo Kalache, são as duas principais tendências demográficas do século 21. O Brasil, segundo ele, é um modelo adequado para se observar essa realidade.

“Somos um país emergente já urbanizado, que envelhecerá mais do que qualquer outro. Mas temos que fazer nossa própria discussão sobre o envelhecimento. Os modelos do Japão, da Dinamarca ou da França não nos interessam. Esses países enriqueceram primeiro, depois envelheceram. Não teremos essa oportunidade. Se imitarmos esses modelos, vamos apenas perpetuar a desigualdade”, disse.

No Brasil, segundo Kalache, a população de mais de 60 anos passou de 8% para 12% nos últimos 30 anos. Na França, foram necessários 115 anos para que a proporção de idosos passasse de 7% para 14%.

“Por outro lado, a concentração urbana também foi vertiginosa no Brasil. Um terço da população vivia em cidades em 1945 e hoje essa proporção passou para 87%. Vamos precisar mudar a realidade do idoso no contexto urbano – e para isso é fundamental ouvi-lo e fazê-lo contar como é a experiência de ser idoso na cidade”, afirmou.

Kalache foi responsável pela publicação, em 2007, do Guia da OMS das Cidades Amigas dos Idosos, produzido com base em pesquisas em 35 cidades em todo o mundo, fundamentadas em entrevistas com grupos focais de idosos durante seis meses.

Uma das experiências do programa foi feita no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde Kalache nasceu. Em 33 anos na Europa, o pesquisador fundou o Departamento de Epidemiologia do Envelhecimento da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido. Hoje, trabalha na criação de um Centro Internacional de Políticas para o Envelhecimento.

Questão pública

Guita Debert, que integra a coordenação da área de Ciências Humanas e Sociais da FAPESP e coordena o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu da Unicamp, destacou que trabalhar com a velhice representa um enorme desafio, já que a questão passou por muitas modificações recentes.

Um dos principais panos de fundo dessa mudança é que a velhice, que historicamente dizia respeito à esfera privada, vem se tornando cada vez mais uma questão pública.

“A velhice passou a fazer parte da geografia social, por assim dizer. À medida que a gerontologia se consolidou como saber específico, criado para identificar necessidades do idoso, ela se tornou um ator político e também um agente do mercado de consumo”, afirmou.

Inicialmente focada na ideia do idoso como um indivíduo que perde os papéis que tem na sociedade, a gerontologia passou a mudar seu enfoque a partir da década de 1980.

“Em vez de um momento de perdas, a velhice passou a ser considerada um momento de lazer, de novas experiências e projetos. A velhice foi deixando de ter o sentido de uma perda do papel na sociedade e se tornou o momento de direito ao não-trabalho, na qual o lazer se torna central.”

Segundo Guita, o Brasil adquiriu know-how e sofisticação nas opções de lazer e atividades para os idosos. Mas isso se limita aos “jovens idosos”, isto é, aquela parcela que preserva sua autonomia funcional. “Há um grande contraste. Para os idosos que têm a autonomia funcional comprometida, estamos em estágio precário, não oferecemos nada”, afirmou.

Para integrar o idoso à cidade, segundo a pesquisadora, não basta levar em conta apenas a diversidade de poder aquisitivo, raça e local de moradia, entre outros fatores. É necessário também pensar nas diferenças de autonomia e capacidade.

“É preciso avaliar sobretudo as diferenças de custos de políticas públicas para os idosos ‘jovens’ e para os outros. É hipocrisia dizer que existe uma política para idosos, se ela só está beneficiando justamente a parcela que tem menos dificuldades. São boas iniciativas, mas têm foco apenas em uma parcela privilegiada dos idosos”, disse.

A antropóloga destacou também que as mudanças ocorridas no espaço urbano recentemente podem permitir um aprimoramento da autonomia do idoso. “Devemos fugir da confusão entre morar só e estar submetido à solidão. Principalmente porque hoje é possível operar com a ideia da intimidade a distância, viabilizada pelos meios de comunicação, sobretudo eletrônicos. E isso pode ocorrer até mesmo fora das relações familiares.”

Segundo ela, a gerontologia ainda valoriza profundamente a ideia de manter o idoso junto à família, fechado no universo privado. “É importante rever essa ideia, quando pensamos na cidade que acolhe o idoso”, afirmou.

Estudos realizados em ciências sociais, em especial na antropologia, mostram que se tinha pouca informação sobre a vida do idoso há 100 ou 200 anos, segundo Guita. Ainda assim, é provável, segundo ela, que a vida no seio da família tenha sido a preferência do idoso apenas quando ele não tinha a opção de ser autônomo.

A antropóloga sugeriu também que seja repensada a oposição entre integração e segregação. Segundo ela, os trabalhos sobre envelhecimento não confirmam a ideia de que a integração com sociedade multigeracional garante o bem-estar do idoso.

“Muitas vezes, nos ambientes onde todos são idosos, a velhice deixa de ser uma marca identitária e a satisfação passa a ser maior. Há uma busca de independência e de estar entre os iguais, de forma similar aos adolescentes. É importante não ter uma visão binária de segregação e integração”, afirmou.

A preservação da vida na comunidade é outra ideia predominante no senso comum, segundo Guita. Para preservar a qualidade de vida do idoso, nessa concepção, o indivíduo deveria permanecer sempre na mesma casa, ou bairro.

“Mas isso nem sempre é verdade, porque a dinâmica urbana é muito intensa. Os bairros podem passar por rápidos processos de degradação. Ou podem passar por um súbito enriquecimento, fazendo com que os antigos moradores desapareçam. Nesses casos, as perdas da coletividade estão muito presentes. A ideia de que a comunidade é sempre boa e deve permanecer deve ser revista”, disse.

A pesquisadora destacou também a importância de se dar voz aos idosos. “Essa já é uma ideia muito presente, mas é preciso valorizar a pluralidade de vozes. Não se pode ouvir representantes, mas os protagonistas, em toda sua diversidade. É preciso que haja vozes dissonantes”, disse.

Guita criticou ainda as políticas públicas brasileiras em relação ao novo papel assumido pela família quanto à responsabilidade pelo idoso. “Há uma hipocrisia nas políticas de distribuição de renda que têm enfoque familiar. Elas concentram as responsabilidades na família e, em especial nas mulheres, que acabam assumindo essas obrigações”, afirmou.

Referência: Jaime Batista Ramos

terça-feira, 29 de março de 2011

Suéteres, Pulôveres e Casaquinhos

Suéteres, Pulôveres e Casaquinhos

Suéteres, Pulôveres e Casaquinhos


Referência: Jaime Batista Ramos

Ninguém escapa da velhice

Ninguém escapa da velhice

Ninguém escapa da velhice

Guardem bem estes nomes: Carolina Maranhão, de 98 anos, e a um mês de completar 99; Laura Andrés Ribeiro Caram, de 91, e Maria Helena Andrés, de 88. Elas vão ensinar como chegar à longevidade suavemente, sem ficar pensando na morte o tempo inteiro, sem reclamar das dores, sem se assustar com as mudanças no corpo e no espírito. Elas vão mostrar que, na última etapa do crescimento humano, têm a oportunidade única de mergulhar nas profundezas do ser.

Como anunciou o teólogo Leonardo Boff, quando completou 70 anos, em seu artigo Oficialmente velho: “A velhice é a última chance que a vida nos oferece para acabar de crescer, madurar e finalmente terminar de nascer. Nesse contexto, é iluminadora a palavra de São Paulo. Na medida em que definha o homem exterior, nesta mesma medida rejuvenesce o homem interior. A velhice é uma exigência do homem interior. O que é o homem interior? É o nosso eu profundo, o nosso modo singular de ser e de agir, a nossa marca registrada, a nossa identidade mais radical. Esta identidade devemos encará-la face a face”.
Para conhecer Carolina, Laura e Maria Helena Andrés, só marque a hora, porque quem conta o tempo são elas. O relógio das horas não interessa mais. Na casa de Carolina, é preciso ficar algum tempo na varanda do 7º andar do prédio onde mora, no alto da Avenida Afonso Pena. Junto com ela, a convidada vai chegar à janela enorme e admirar o que ela chama de “meu quintal particular”, árvores enormes que formam uma pequena floresta diante do olhos. “Veja a dança das árvores, elas dançam e conversam”, proclama a senhora que está quase chegando aos 100 anos, quando vê o vento balançando os galhos e as folhas das árvores.
Não se apressem, porque Carolina tem muito a conversar e a mostrar, desde a biblioteca com livros em português, francês e inglês até o computador estrategicamente colocado no seu quarto, ao lado das linhas de crochê e da manta que está tecendo para o batizado do bisneto. A convidada precisa ter tempo para a geleia de jabuticabas que ela acabou de preparar com torradas e café. Precisa percorrer as fotos de sua galeria particular com a família já criada e ouvi-la declarar: “Posso ficar sem comer, mas não fico sem ler”.Pessoas como Carolina, Laura e Maria Helena poderiam muito bem estar na dissertação de mestrado da professora de psicologia da PUC Minas Anna Cristina Pegoraro de Freitas sobre Espiritualidade e sentido de vida na velhice tardia.

As três provam que a espiritualidade dá sentido à vida, principalmente na idade avançada. Uma espiritualidade exercida a cada amanhecer, quando os olhos se abrem e elas percebem que estão vivas e que tudo vale a pena. Desde o horizonte escancarado na janela da casa da artista plástica Maria Helena Andrés, no Retiro das Pedras, até o momento em que ela espalha as cores pelas telas para pintar mais um quadro. “Este é o meu jeito de meditar. É o meu deus interior”, garante ela, que é vegetariana, morou na Índia, tem um blog, uma espécie de diário de suas viagens externas e internas.

Em sua dissertação de mestrado, Cristina fala também da feminização da velhice. “São mais mulheres do que homens que chegam à idade avançada.” Na contagem feita em 2007 pelo IBGE em 5.435 municípios brasileiros, o número de idosos com mais de 100 anos era de 11.422, dos quais 7.950 eram mulheres e 3.473 homens. Prova disso é que Carolina, Laura e Maria Helena Andrés são viúvas.
Anna Cristina mostra que “estamos envelhecendo e atingindo a longevidade, mesmo que muitos não acreditem nessa realidade. É só prestar atenção nos dados: O Brasil está em franco envelhecimento populacional. Segundo o IBGE, em 2008 eram 30 velhos para cada 100 crianças. A projeção para 2050 é de 172 velhos para 100 crianças”. Quem sabe depois de ler essa reportagem, a gente aprenda que envelhecer não é um desastre, mas um processo natural da vida. E só não envelhece quem morre antes. Com Carolina, Laura e Maria Helena é preciso aprender que, quanto mais o corpo envelhece, mais o espírito se fortalece.
Jornalista Déa Januzzi

Referência: Jaime Batista Ramos

O Brasil daqui 20 anos!

O Brasil daqui 20 anos

O Brasil daqui 20 anos

Nota do Editor: Esse será o retrato do Brasil, daqui 20 anos, com uma população envelhecida, muitos idosos com mais de 80 anos totalmente dependentes de suas famílias (pequenas e de pouquíssimos filhos). A necessidade de cuidadores será extrema, principalmente com capacitação. No artigo abaixo, a jornalista cita várias vezes a palavra enfermeira, quando na verdade deveria dizer cuidadoras de idosos.

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A população suíça está envelhecendo com rapidez, o que faz crescer a demanda por mão de obra especializada para cuidar de idosos. Muitos deles preferem continuar em casa, mas enfermeiras particulares são caras. O custo mensal para assistência de 24 horas ao dia fica entre 10 e 30 mil francos (US$10.950-32.800). A solução para muitas famílias é contratar estrangeiros, cujos salários são apenas uma fração dessa soma, mais casa e comida.

Apesar de não existirem dados exatos, o número de enfermeiros estrangeiros atuantes na Suíça deve aumentar a partir de 1° de maio. A partir da data, cidadãos de oito países da Europa do leste e membros da União Europeia poderão participar dos acordos de livre circulação de mão de obra, ou seja, dentre outros, ter acesso livre ao mercado de trabalho na Suíça.

“Os suíços não são pobres, mas não é qualquer um que pode se dar o luxo de manter uma enfermeira privada”, ressalta Bernhard Mascha, diretora da filial suíça da Seniorhilfe, uma agência eslovaca especializada na intermediação de enfermeiras eslovacas e húngaras para famílias na Suíça, Alemanha e Áustria.
Seniorhilfe engaja enfermeiras ou enfermeiros capazes de ajudar seus clientes em necessidades diárias como higiene ou caseiras como limpeza da casa, cozinha ou lavagem de roupas. O custo mensal é de três mil francos, dependendo da experiência da pessoa e do seu nível de alemão.
Uma família próxima à Interlaken (centro da Suíça) – ela pede para ser identificada apenas como “família G” – declara estar bastante satisfeita com os serviços fornecidos à mãe de 91 anos de idade e que sofre de demência. Um casal de enfermeiros se reveza nos cuidados com a idosa.
“Desde agosto nossa mãe está sob os melhores cuidados. A colaboração com as enfermeiras e a organização funciona perfeitamente. Nossa mãe recebe cuidados competentes e atenciosos por praticamente 24 horas por dia”, de acordo com a referência da família fornecida pela empresa.
Satisfazer as necessidades
“Há um mercado para esse tipo de serviço, pois senão eles não viriam para cá”, declara Andreas Keller, porta-voz da Spitex, à swissinfo.ch. Spitex é uma organização sem fins lucrativos que oferece serviços de enfermeiros e assistência caseira para idosos nos seus lares.
Keller revela que está se tornando cada vez mais comum para os funcionários da Spitex encontrar enfermeiros privados residentes nos locais durante suas visitas aos pacientes. As chamadas caseiras são custeadas pelo seguro de saúde, enquanto o serviço privado de enfermeiros não.
No cantão do Ticino (sul da Suíça), dois braços locais do Spitex avaliam atualmente como e se é possível colaborar com os enfermeiros privados. Uma dessas agências assumiu o papel de agência de emprego, intermediando enfermeiros privados para idosos e assegurando que todas as necessidades estão sendo atendidas corretamente. Ela prepara contrato de trabalho similares aos que são utilizados para empregados domésticos na Suíça. A taxa cobrada é de 1.750 francos e o salário anual é de 39.000 francos.
Língua e cultura
Apesar das vantagens, também é preciso fazer atenção no momento de contratar um enfermeiro privado. O primeiro quesito a levar em consideração são os conhecimentos de idiomas e de enfermagem.
“Pacientes com Alzheimer, por exemplo, necessitam 24 horas por dia de atenção. Para enfermeiros isso significa muito mais trabalho, até mesmo suíços que podem compreender exatamente o que essas pessoas estão falando. É preciso saber lidar com a língua e a cultura”, afirma Keller.
HausPflegeService, uma agência baseada no cantão de Zurique e que contrata primordialmente mão de obra na Alemanha. Assim como Keller, o diretor Hanspeter Stettler também considera muito importante o domínio da língua.
“A consciência cultural também é um fator. Nós temos uma semana introdutória e sessões contínuas de formação para ensinar nossos funcionários pequenas coisas como o fato de que o molho de salada é preparado de uma forma diferente na Suíça. As pequenas coisas são importantes para os idosos”, diz.
Concorrência indesejável
Questionado se se preocupa com a competição vinda da Europa do leste, Stettler nega. “Não realmente. Temos um conceito de acompanhantes com um bom nível profissional. Além disso, somos bastante conhecidos no mercado.”
Ao contrário de Stettler, a enfermeira autônoma Dagmar Michalina condena o afluxo de mão de obra barata. Essa residente na Basileia explica à swissinfo ter dois argumentos contrários à imigração.
“Em primeiro lugar, esses enfermeiros trabalham por uma ninharia, o que não está correto. Em segundo, penso que esses empregos devem estar destinados a pessoas que atualmente vivem e pagam impostos na Suíça.”
Michalina salienta que, como autônoma, não é muito fácil assegurar ter suficientemente trabalho durante o mês.
“Os enfermeiros do leste da Europa trabalham apenas por poucos meses ou um ano, com um salário fixo e estabilidade de emprego durante esse período. Eu ganho apenas por hora quando os clientes necessitam dos meus serviços”, afirma a enfermeira e completa. “E se um deles morrer hoje, então não tenho mais renda amanhã. Mas eu tenho uma família para sustentar aqui na Suíça, onde o custo de vida é tão elevado.”
Ganhar a vida
Renata é uma enfermeira polonesa. Ela trabalha na Basileia há dois anos. Na realidade ela é costureira, mas não conseguia encontrar um emprego na Polônia. Quando uma amiga contou-lhe sobre a possibilidade de trabalhar na Suíça, ela decidiu aproveitar a oportunidade.
De acordo com a legislação vigente, Renata só pode trabalhar por períodos de três meses. Mas agora ela gostaria de poder permanecer por mais tempo. Seu salário mensal é de 1.500 francos. Ela afirma que não é o que gostaria de receber, mas se considera uma felizarda.
“Trabalho para uma família especial. A mulher tem uma boa saúde, o que me permite sair à noite. E eu nunca preciso cozinhar. Porém conheço outros que não têm nunca horas de lazer e ganhar menos do que eu”, conta Renata.

Susan Vogel-Misicka – www.swissinfo.ch
Adaptaçao: Alexander Thoele

Referência: Jaime Batista Ramos

quinta-feira, 10 de março de 2011

Contribuições da psicologia para um envelhecimento saudável

Contribuições da psicologia para um envelhecimento saudável


Contribuições da psicologia para um envelhecimento saudável

Contribuições da psicologia para um envelhecimento saudável

A Psicologia pode contribuir para um envelhecimento mais saudável. Na verdade, pensar na promoção de um envelhecimento saudável é bastante amplo.

Primeiramente, sabe-se que pensar num envelhecimento saudável não é possível apenas sob a luz de uma vertente profissional, mas sim a partir de um olhar interdisciplinar que abranja, além da psicologia, a geriatria, a odontologia, a fisioterapia, a fonoaudiologia, o direito, a terapia ocupacional, o serviço social, a pedagogia, a arquitetura, dentre outras áreas de saber direta ou indiretamente relacionadas com o estudo do processo de envelhecimento.

Segundo: uma pessoa não envelhece apenas quando ela faz sessenta anos. Deve-se pensar em seu próprio envelhecimento o mais cedo possível, pois nossos atos do passado influenciam diretamente em nosso processo de envelhecimento. Por exemplo, uma pessoa que se expõe excessivamente ao sol desde criança provavelmente irá apresentar sinais de envelhecimento cutâneo mais cedo que uma pessoa que controla de maneira consciente sua exposição ao sol. Ou seja, pensar em envelhecer com saúde implica em prevenção e na adoção de hábitos de vida saudáveis durante todo o curso de vida.

Um terceiro ponto deve ser considerado: a promoção de um envelhecimento saudável não é uma preocupação apenas do idoso, mas sim da família, da sociedade, do governo. É necessário pensar grande!

A Psicologia enquanto Ciência precisa atuar no âmbito de um envelhecimento saudável, atuando no estudo de temas pertinentes, tais como: alterações cognitivas e comportamentais; solução de problemas e inteligência prática; emoções; relações sociais; personalidade; sabedoria; criatividade; dependência; morte e finitude; qualidade de vida; atividade; violência; trabalho e aposentadoria; saúde mental, dentre outros temas pertinentes. (NERI, 2004).

Neste contexto, torna-se importante, como apregoa o Estatuto do Idoso, contribuir para eliminar o preconceito e produzir conhecimentos sobre a matéria no ensino formal (Art.22) e promover, nos meios de comunicação, conteúdos relacionados ao processo de envelhecimento (Art.24). A psicologia pode e deve atuar nesta empreitada, por exemplo, através da confecção de materiais informativos voltados para idosos e para as demais faixas etárias.

A Psicologia enquanto Profissão também pode ter um papel significativo na atuação direta com os idosos, seja em modalidade de psicoterapia de grupos ou individual. Freud, por exemplo, considerava a psicoterapia inapropriada para o idoso, porém, atualmente, sabe-se que esta pode contribuir para um envelhecimento mais saudável (tanto do ponto de vista da prevenção, quanto do tratamento de problemas já instalados), independente da linha de atuação do profissional.

Eizirik, Knijnik e Vasconcellos (2008) destacam alguns temas importantes a serem trabalhados com o idoso na psicoterapia: as perdas (da saúde, das capacidades, dos entes queridos, do trabalho, dos papéis sociais); a manutenção da autoestima; trabalhar a questão da rigidez, comum no idoso. Em relação ao envelhecimento patológico, com déficits cognitivos, Pádua, Souza e Brunstein (2008) destacam: elaborar intervenções psicoeducacionais para o paciente com demência e seu cuidador, além de enumerar sugestões práticas para o manejo de situações difíceis. Acrescento que também é muito importante que o profissional da psicologia esteja capacitado para realizar avaliações neuropsicológicas e estimulações cognitivas em idosos com queixas de memória.

De maneira geral, o psicólogo pode atuar tanto em âmbito de prevenção primária em idosos saudáveis como na reabilitação em idosos que já possuem algum tipo de problema instalado. Além dessas áreas específicas, o profissional deve sempre se lembrar de seu compromisso na promoção da saúde num sentido amplo, biológico, psicológico, social e espiritual. Assim, faz-se importante incentivar a preocupação com a saúde física e a realização de exames médicos periódicos; a manutenção de uma rede social efetiva, com a manutenção de papéis sociais; a promoção da autonomia e da atividade (por exemplo, a participação em grupos); o incentivo ao lazer e ao descanso; a promoção de relações familiares saudáveis, dentre outras posturas que visem um envelhecimento com qualidade de vida.

Referências:

Jaime Batista Ramos

NERI, A. L. O que a psicologia tem a oferecer ao estudo e à intervenção no campo do envelhecimento no Brasil, hoje. In: NERI, A. L.; YASSUDA, M. S. (orgs). Velhice bem-sucedida. Campinas: Papirus, 2004.

PÁDUA, A. C.; SOUZA, S. B. C.; BRUNSTEIN, M. G. Abordagens psicossociais para pacientes com demência. In: CORDIOLI, A. V. et al. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Atmed, 2008.

EIZIRIK, C. L.; KNIJNIK, J.; VASCONCELLOS, M. C. G. Psicoterapia na velhice. In: CORDIOLI, A. V. et al. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Atmed, 2008. Contribuições da psicologia para um envelhecimento saudável

terça-feira, 8 de março de 2011

Como os idosos podem acompanhar a tecnologia

Como os idosos podem acompanhar a tecnologia

Como os idosos podem acompanhar a tecnologia

Como os idosos podem acompanhar a tecnologia

Eis o problema dos produtos típicos da “tecnologia para idosos”: não há tecnologia suficiente num telefone que usa um teclado grande mas oferece opções limitadas, por exemplo. A idade avançada pode roubar algumas habilidades das pessoas, e os produtos que ajudam a mitigar isso são de fato uma boa coisa. Mas e se a a pessoa ainda estiver a décadas de distância de precisar desse tipo de ajuda? Hoje os membros da geração baby boom estão cruzando a fronteira da aposentadoria, mas isso não os torna incapacitados. Longe disso. Pode, entretanto, deixá-los desatualizados.

“O que está acontecendo é uma separação digital”, disse Ken Dychtwald, diretor-executivo da Age Wave, organização de pesquisa e consultoria focada no envelhecimento da população. “As novas tecnologias são em grande parte direcionadas para pessoas abaixo dos 50 anos”, disse Dychtwald. “Se você é mais velho que isso, precisa reunir a coragem para perguntar à sua família como as coisas funcionam.”

O contato com as novas tecnologias costuma acontecer por meio de colegas de trabalho ou dentro de um sistema corporativo. “O local de trabalho é um bom lugar para aprender e compartilhar novas tecnologias”, acrescentou. “Se você está em casa, você não tem esse ambiente em torno de você.”

Mas muitas tecnologias comuns se tornam ainda mais valiosas quando as pessoas saem do escritório. Há produtos disponíveis para ajudar pessoas de 18 a 80 anos a serem mais ativas e informadas, para entreter e manter o contato com a família e os amigos.

Familiarizar-se com alguns desses produtos ajudará a garantir que a tecnologia, da mesma forma que a juventude, não seja desperdiçada nos jovens.

Eis algumas dicas fáceis:

Quer ficar ativo? Compre um console de videogame. Esqueça os jogos de atirar e os labirintos psicodélicos. Sistemas de jogos como o Nintentdo Wii, o Microsoft Xbox 360 e o Sony PlayStation 3 têm acessórios que tiram os jogadores de suas cadeiras e os colocam em movimento, quer seja com uma competição de dança virtual, um programa de exercícios ou um simulador esportivo.

Além dos benefícios de simplesmente se movimentar, estudos recentes mostraram uma melhora no equilíbrio em alguns idosos que usavam o Wii (que custa cerca de US$ 180) e seus programas de exercícios como o Wii Sports (cerca de US$ 24). O Xbox Kinect (US$ 300) da Microsoft é o sistema de jogos mais avançado disponível, com câmeras e sensores de movimento embutidos que podem ver o corpo do jogador e sua posição.

Usando um programa de exercícios como o Your Shape (US$ 50), o Kinect pode, além de mostrar os movimentos dos exercícios, ver se você os está praticando corretamente e oferecer conselhos personalizados para melhorar sua forma.

Quer manter o contato? Compre uma webcam. Embora nada substitua as visitas pessoais, a videoconferência chega bem perto disso. Se o seu computador não tem uma webcam embutida, compre uma externa. A Logitech fabrica uma grande variedade de câmeras, mas o modelo C310, por cerca de US$ 30, é apropriado para conversas com amigos e netos.

Além do hardware, você vai precisar de uma conta no Skype, Gmail, iChat, AIM ou outro serviço. Fazer e receber chamadas de vídeo é simples e não custa nada. Desde que os seus parentes tenham contas na mesma rede, você poderá falar face a face pelo tempo que quiser.

Quer ficar informado? Compre um tablet ou leitor eletrônico. A interface intuitiva do tablet, com tela sensível ao toque, pode servir para qualquer um que deteste o teclado tradicional e o mouse. Entre o número cada vez maior de tablets, o iPad da Apple (a partir de US$ 499) continua sendo a melhor escolha.

Ele é fácil de usar, e sua grande variedade de aplicativos transforma-o no prefeito companheiro digital. Além disso, a função de zoom coloca qualquer texto – quer seja de um livro eletrônico, site ou e-mail – em fontes grandes em poucos segundos.

Se o tablet parecer um passo muito adiante, por motivos financeiros ou tecnológicos, considere um leitor de e-book. O Kindle da Amazon (US$ 139) é o líder aqui. Sua conexão de internet sem fio, “sempre ligada e gratuita”, significa que você pode baixar livros em quase qualquer lugar dentro de segundos.

Você também pode se inscrever nas versões de jornais e revistas para o Kindle (e também ajustar o tamanho da fonte). Além disso, o Kindle é leve, pesando apenas 226 gramas, e você pode armazenar até 3.500 livros nele.

Quer continuar produtivo? Baixe alguns aplicativos. Quando você está empregado, tem uma certa estrutura. Você tem uma certa organização. Se quiser manter isso durante a aposentadoria, há programas que podem ajudar. O Evernote é um deles. Ele se auto-intitula um assistente digital pessoal, mas é na verdade o melhor guarda-arquivos do mundo.

O Evernote permite que você copie quase tudo o que encontrar na internet e cole em “cadernos” que podem ser pesquisados. Encontrou uma foto de que gostou na internet? Copie e cole no Evernote. Grife uma parte de um e-mail e guarde-o no Evernote. Envie um link que um amigo o mandou para sua conta do Evernote.

Ele é facilmente acessível de quase todos os aparelhos com conexão à internet (e alguns aparelhos podem até guardar dados offline também, graças a coisas como o aplicativo Evernote iPhone). Há uma versão gratuita do Evernote, e uma versão premium por uma taxa anual de US$ 45, sem propaganda e com algumas funções expandidas.

Um programa que também vale a pena considerar é o Dragon Dictation da Nuance. Disponível para computadores Windows (por US$ 100) e para Macs (por US$ 200), o Dragon usa tecnologia de reconhecimento de voz para transcrever o que você diz. Você pode falar naturalmente, acrescentando a pontuação falada, e ditar um e-mail.

O aplicativo também pode executar comandos de voz para o seu computador. Assim, basta dizer “procure na Amazon por Stieg Larsson” para que ele direcione o navegador imediatamente para a Amazon.com e procure essas palavras. Você pode dizer ao seu computador para abrir e fechar programas, rolar a página para cima e para baixo e selecionar palavras e linhas para copiar, deletar ou colar.

Quer se divertir? Assista a filmes direto na sua TV (através de uma conexão de internet de alta velocidade). As locadoras de filmes estão perdendo o apelo, e os custos da programação pay-per-view da TV a cabo podem ficar altos. Mas US$ 60 compram um decodificador Roku, e isso abre um mundo de programação de vídeo mais acessível.

Quando combinado com uma assinatura de US$ 8 mensais do Netflix, você ganha acesso à biblioteca de milhares de filmes e programas de televisão da companhia, com apenas um clique do controle remoto. Outros serviços de assinatura, como o Amazon Instant Video e o Hulu Plus, também estão disponíveis.

A Apple TV, por US$ 99, também oferece o Netflix, e inclui acesso para a biblioteca de programas e filmes do iTunes da Apple. Ele também tem uma seleção mais atual – o Netflix não tem programas de TV atuais; o iTunes os disponibiliza no dia seguinte à transmissão na TV. O serviço da Apple também tem filmes mais atuais. Diferente do Netflix, o iTunes não é um serviço para assinantes, mas funciona numa base a la carte: os programas de TV podem ser alugados por 99 centavos de dólar e comprados por US$ 2 ou US$ 3. Os filmes também podem ser alugados ou comprados por vários preços.

Quer ver quem está fazendo o quê? Compre um porta-retratos digital. Os porta-retratos digitais não são novos, mas o crescimento da conexão sem fio dá à tecnologia algumas novas características que valem a pena. Um bom exemplo dos últimos avanços podem ser encontrados no porta-retrato digital Photo Mail da Pandigital, por US$ 180.

À primeira vista, ele se parece com muitos outros porta-retratos digitais – um simples retângulo escuro em volta de uma tela de 8 polegadas. E como os outros porta-retratos digitais, esse modelo pode mostrar fotos de um cartão de memória de uma câmera. Mas o que o diferencia dos outros é a capacidade de receber novas fotos, via conexão sem fio, dos amigos e da família.

O porta-retratos Photo Mail, como o Kindle da Amazon, tem uma conexão gratuita e ininterrupta com a rede sem fio da AT&T. O porta-retratos também tem seu próprio endereço de e-mail. Isso significa que qualquer pessoa que tenha o endereço pode enviar fotos para o porta-retrato, onde elas aparecerão instantaneamente (um aviso na tela indica quando novas fotos chegaram).

Se os netos estiverem na praia, seus pais podem enviar fotos por e-mail assim que as tiram, e elas aparecerão no porta-retratos em casa. E diferente de muitos outros porta-retratos que têm uma função semelhante, mas precisam de uma rede Wi-Fi, instalar o Photo Mail não leva quase tempo nenhum.

Esses produtos e serviços não estão radicalmente distantes da vida cotidiana, mas podem fazer melhorias concretas, permitindo que as pessoas fiquem mais conectadas, eficientes e informadas. E como esses objetivos independem da idade, o mesmo deve valer para os produtos que ajudam a atingi-los.

Sam Grobart

Extraído de: http://www.nytimes.com/2011/03/03/business/retirementspecial/03Tech.html?_r=1&ref=samgrobar

Referência: Jaime Batista Ramos


domingo, 6 de março de 2011

Cuidar dos idosos

Habilidades e limitações


habilidades e limitações

habilidades e limitações

Ao longo de nossas vidas, é nítido perceber que temos várias habilidades, mas também possuímos nossas limitações. Ou seja, em outras palavras, somos bons em algumas coisas e nem tão bons em outras. Isto acontece no decorrer da vida, algumas habilidades e limitações se mantém, outras se modificam devido a uma série de fatores, como, por exemplo, mudança de interesses ou estilo de vida, treinamento, dentre outros motivos.

Para algumas pessoas parece ser extremamente difícil enxergar suas próprias limitações e falar das mesmas. Para outras, acontece o contrário: preferem falar de suas limitações e demonstram grande dificuldade quando alguém lhe pergunta sobre aquilo que ela tem de melhor.

Porém, há uma tendência natural de as pessoas associarem o envelhecimento apenas às limitações, ou seja, elas enfocam apenas as perdas, os problemas e se esquecem daquilo que têm de bom, suas habilidades. Este lado bom não necessariamente se perde com o passar dos anos, isto é fato!

Esta postura de reforçar apenas suas limitações é bastante pessimista e pode contribuir para que o idoso se sinta incapaz, com baixa autoestima e deprimido. Infelizmente as famílias e a sociedade em geral tendem a reforçar esta postura. Neste sentido, é comum ressaltarem coisas que o idoso fazia e não pode mais fazer (“A vovó era uma cozinheira e tanto, mas hoje sua artrose não a deixa mais mexer nas panelas”); enfatizar sua dependência (“Papai não tem mais condições de dirigir, por isto precisamos carrega-lo sempre”); reforçar mudanças indesejáveis que aconteceram com o passar dos anos (“Antigamente a mamãe lembrava os aniversários de toda a família, hoje muito mal se lembra da data dos filhos”); e mesmo reforçar uma baixa autoestima (“O papai antigamente era forte e tinha uma excelente postura, hoje está magro demais e corcunda”). Percebam como nestas falas só há ênfase nas mudanças negativas ocorridas com o passar dos anos.

Uma postura bastante saudável seria a de ressaltar as potencialidades do idoso nesta etapa de sua vida. Importante aqui fazer isto de maneira realista, condizente com a realidade e não ficar criando situações forçadas a fantasiosas referentes ao idoso. Não é legal infantilizar o idoso (“Nossa, como ele faz isso direitinho”) ou fazer elogios irreais. Vale a pena ressaltar as reais potencialidades do idoso, por exemplo, aquelas que se manteram no decorrer dos anos (“Mamãe sempre cozinhou muito bem e continua fazendo isso”); enfatizar aquilo que melhorou com o passar dos anos (“Com o passar dos anos papai se tornou uma pessoa mais sábia e centrada”); dar valor àquilo que foi aprendido já em idade mais avançada (“Vovô e se tornou um ótimo dançarino após aposentar, pois dedicou seu tempo livre para aprender a dançar e acompanhar a vovó, que sempre dançou muito bem”); promover uma boa autoestima e autoimagem (“Mãe, como esta roupa lhe cai bem!”).

Deslocar o foco das limitações para as habilidades e potencialidades do idoso auxilia o idoso, mas também a família e a sociedade a entenderem que o envelhecimento não é apenas sinônimo de perdas, existem ganhos neste período e, além disso, algumas habilidades se mantêm com o passar dos anos e merecem ser destacadas. Habilidades e limitações.

Referência: Jaime Batista Ramos

quarta-feira, 2 de março de 2011

Excelentes manuais para cuidar de idosos



Excelentes manuais para cuidar de idosos

Excelentes manuais para cuidar de idosos

Caros internautas,

Às vezes, em um grande portal como o CUIDAR DE IDOSOS, com centenas de páginas e artigos diariamente, algumas páginas e links não funcionam perfeitamente. Ou seja, você clica numa página necessária (raramente acontece nos links da home page) e ela vai para lugar nenhum ou o link de algum manual ou livro não baixa o material que o internauta está interessado. Nossas desculpas!

Assim, enquanto estamos vasculhando as centenas de páginas e os milhares de links que nosso portal possui, buscando corrigí-los, deixaremos neste post alguns manuais e livros que muitos internautas nos pediram para encaminhar para DOWNLOAD!

Aproveitem, pois são excelentes materiais para cuidar de nossos idosos! Clique na imagem do manual, que automaticamente baixará um arquivo PDF, para seu computador.

Atenção, estes manuais não têm mais tiragem em livro de papel. Se você quiser, pegue os arquivos PDF que você baixou aqui, e vá até alguma loja de xerox (copiadoras) e peça para fazer uma cópia de papel. Costuma ficar um material muito bom para consulta e leitura fácil.

ScreenShot346 Excelentes manuais para cuidar de idosos

Manual do cuidador da pessoa idosa


ScreenShot349 Excelentes manuais para cuidar de idosos

Envelhecimento e saúde da pessoa idosa


ScreenShot348 Excelentes manuais para cuidar de idosos

Manual de assistência domiciliar


Treinamento interdisciplinar em saúde do idoso

Treinamento interdisciplinar em saúde do idoso


ScreenShot351 Excelentes manuais para cuidar de idosos

Trabalho doméstico - aprenda a contratar cuidador de idosos

Quer ver uma coleção de mais de cem livros, manuais, artigos e slides sobre CUIDAR DE IDOSOS? Então vá até a nossa comunidade ISSUU: http://issuu.com/cuidardeidosos/docs
Bom proveito!

Conselhos dos direitos do idoso no Brasil



Conselhos dos direitos do idoso no Brasil

A velhice é o futuro desse país


A velhice é o futuro desse país

A velhice é o futuro desse país

Discurso da Senhora Presidente do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, Dra. Karla Cristina Giacomin – geriatra (SBGG)

Reunião Ampliada de todos os Órgãos Colegiados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Brasília, 14 de fevereiro de 2011

“Boa-tarde excelentíssima Sra. Ministra, a quem cumprimento todas as demais autoridades presentes e aqui na Mesa. Eu trago uma boa nova: Nós não vamos morrer jovens. Quando soldados romanos iam para a guerra havia uma saudação “Memento mori”. Significa “lembre-se de que você vai morrer”. Hoje estou aqui para dizer: “Memento mori”, mas vocês vão morrer mais velhos. Todos nós vamos morrer mais velhos.

Nessa nossa boa nova eu tenho a dizer que o Brasil envelhece a passos largos, a um ritmo intenso e não estamos preparados para lidar com os desafios que representam cuidar e experimentar a velhice no nosso país. As pessoas que me antecederam falaram de preconceitos. E eu devo dizer que não é novidade para nenhum de nós o preconceito contra a velhice e contra o envelhecimento no nosso país. Esse preconceito que se disfarça na falta de oportunidades, que se disfarça na exclusão do velho dentro da sua própria casa, que se disfarça na apropriação indébita do seu dinheiro por aqueles que vão, em tese, ajudá-lo, a buscar o dinheiro no banco.

A gente trabalha com a seguinte situação: os velhos de hoje, quando crianças, não tinham vez. Porque na época que eles eram crianças, a criança não tinha vez. Quando adultos, não tinham voz. Porque na época que eles eram adultos, estávamos no auge da ditadura e eles não podiam se organizar, se mobilizar e nem falar. E hoje eles chegam à velhice e não tem nem vez nem voz. Então, tomara que São Pedro lhes reserve um bom lugar.

Nós temos que trabalhar na nossa sociedade para que haja justiça para todas as idades, para todos os gêneros, para todas as condições. Porque a população LGBT vai envelhecer. A população negra vai envelhecer, a indígena vai envelhecer. A criança vai deixar de ser criança, o adolescente vai deixar de ser adolescente. A pessoa com deficiência vai envelhecer. A pessoa com doença mental vai envelhecer. Então, a velhice é o futuro desse país.

Outra coisa que eu gostaria que vocês pensassem é que muito em breve, daqui a 30 anos, de cada quatro brasileiros um será idoso. Nós somos esses idosos. Há dificuldades que nós temos em nos reconhecermos no velho e na velhice, mas ela vai nos alcançar muito mais rápido do que vocês pensam. Então vamos parar de pensar que velho é o outro. A minha velhice eu estou construindo agora, com as minhas escolhas e com as minhas circunstâncias.

Se eu for pobre, e aí eu trago o emblema do novo Governo da Presidenta Dilma, se eu for pobre eu tenho sete vezes mais chance de ser um velho com incapacidade. Se eu perguntar aqui para vocês, quem tem medo de morrer? Poucas pessoas vão levantar a mão ou alguns mais corajosos vão admitir. Quem tem medo de depender? (Quase toda a platéia levantou as mãos). Então, nós temos que combater a pobreza. Mas nós temos que fortalecer a perspectiva de envelhecer com dignidade. E isso não é tarefa pra uma política nem pra um conselho. Isso é uma tarefa do país inteiro. Isso é uma tarefa de gerações. Tem vezes que a gente vem à plenária do conselho e a gente sai motivado, “poxa, nós conquistamos alguma coisa”. Tem vezes que eu saio da plenária do conselho pensando: nem na minha quinta geração esse país vai aprender alguma coisa em relação ao que seja envelhecer.

Desta forma, penso que o maior papel do Conselho Nacional do Idoso é ser portador dessa boa nova. Nós seremos velhos. Mas a velhice não é um problema de cada um, como tem sido tratado até agora. A velhice é uma conquista. E, como sociedade, nós precisamos conquistá-la. Isso significa garantir a chance de envelhecer com saúde, com dignidade, com trabalho, com respeito, com educação, com habitação, com moradia, com transporte, com a oportunidade de ser o que quiser, com autonomia, com direito a voto e a ser votado… Nós temos que garantir isso. Mas nós também temos que garantir o direito a políticas de cuidado, para o caso de a gente não envelhecer com tanta capacidade assim. E hoje nós trabalhamos para construí-las. Quando a Ministra colocou das terríveis situações que acontecem nos presídios, eu gostaria que nos próximos eventos você incluísse as instituições de longa permanência para idosos.

Os asilos são morredouros. Então, nós queremos mais deste Governo. Era para ser o último lugar de vida e não a ante-sala da morte. O Brasil nem tem ideia do quanto, pois eles não podem falar e a família tem vergonha de precisar colocar o idoso lá. Eu estou aqui com as mãos frias pelo compromisso que isso representa enquanto Conselho Nacional dos Direitos do Idoso. Porque quem está falando aqui não é uma pessoa idosa. Mas eu estou no lugar que representa 21 milhões de idosos. Então, essa pessoa que está falando está falando por todos da população brasileira que é o que o censo vai trazer aí. Então nós temos que estar preparados para essa nova realidade.

Os segmentos da criança e adolescente vão compor uma população, e vocês estão vivenciando isso, cada vez menor. Em contrapartida, a população idosa será uma população cada vez maior. E os direitos, que nós precisamos conquistar pra envelhecer com dignidade, nós temos que conquistar agora. Porque greve de aposentado, meus amores, não resolve. Então, a luta dos aposentados é uma luta que é nossa. Vamos parar de fingir que isso não nos diz respeito. Eu fico vendo as pessoas falarem em investir na infância. A coisa que a gente mais quer é uma infância bonita, bacana.

Porque a gente quer investir na infância. Mas nós, como defensores dos direitos das pessoas idosas, nós temos que parar de entender que na velhice a gente gasta: na velhice a gente não gasta. A gente investe.

Porque velhice também é uma fase de vida humana. Nós não temos data de abate. Se a gente tivesse data do abate… Né? Ia todo mundo bem, um belo dia, abate. Mas não é assim. Nós estamos trabalhando com a perspectiva de termos cada vez mais centenários, a população que mais cresce é população de mais de 80 anos… Um país rico é um país sem pobreza. Mas uma sociedade justa é uma sociedade justa pra todas as idades. É isso que nós, como conselho, queremos perseguir e para tanto vamos precisar de todos. E quando vocês perceberem ou presenciarem qualquer tipo de discriminação contra o velho, por favor, se manifestem. Porque isso é uma discriminação contra nós, contra qualquer um de nós.

E aí, Ministra, eu queria colocar que quando a gente quer mudar um pensamento, a gente tem que atuar na cultura das pessoas que estão com aquele pensamento. Nós temos que atuar na cultura das políticas públicas, que até hoje são políticas absolutamente reativas, reacionárias, passivas, tolerantes com o intolerável, com toda forma de violência e de indignidade.

E o velho de hoje já foi discriminado antes, durante a vida de trabalho. Ele foi um trabalhador sem direitos, ele foi um trabalhador sem Previdência, se ele trabalhou no meio rural ele só conquistou a aposentadoria depois da Constituição de 88, se ele é mulher e trabalhou no meio rural, até hoje está tentando conquistar sua aposentadoria, porque ela não teve como comprovar que ela trabalhou.

Eu creio que a nossa proposta como Conselho é tentar ser mais operante e proativo. E nesse sentido nós estamos de portas abertas. Nós queremos ir ao encontro do Conanda, do Conade, do Conselho da Mulher, dos Conselhos Estaduais, do Conselho contra a Discriminação, do movimento de memória e verdade… Porque esse país precisa da sua memória e as pessoas, quando a gente vê as homenagens que são feitas, as testemunhas da nossa história, estão todos velhos. Somos nós. É a nossa história.

Eu gostaria de concluir dizendo isso: o que a gente espera dessa Secretaria de Direitos Humanos? Que ela nos possibilite, como disse o meu companheiro Feitosa, que ela nos dê a infraestrutura. Infraestrutura em termos de assessoria jurídica, que nós não temos; de assessoria de comunicação, porque nós temos que ter visibilidade para fora, esse conselho não pode existir só para dentro. Infraestrutura em termos de apoio técnico de profissionais, que hoje a gente tem uma Secretaria-Executiva, mas ela é tímida para o tamanho do desafio que eu estou apresentando aqui para vocês, e infraestrutura de diálogo, para que a gente não se sinta isolado e numa constelação muito distante dos outros Conselhos.

Nós queremos integração, nós queremos efetividade e nós estamos à disposição de qualquer pessoa, de qualquer Conselho, de qualquer Comissão dessa Secretaria para tentar lutar a favor de um envelhecimento digno para todos.” A velhice é o futuro desse país



Referência:Jaime Batista Ramos
Portal cuidar de idosos